Haiti: tremor derruba dezenas de escolas
Terremoto ocorreu no segundo dia após as férias escolares, diz aluno da Unicamp
O tremor da última terça-feira (12) ocorreu no segundo dia de aulas depois das férias de final de ano, afirma o brasileiro Daniel Quaresma dos Santos, 24. Ele viajou para o Haiti no dia 31 de dezembro com um grupo de pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
As crianças haitianas haviam acabado de voltar às aulas, diz o jovem. Ele se lembra de estar a caminho de uma universidade na hora em que o abalo sísmico atingiu a capital Porto Príncipe:
- Eu e mais dois alunos da Unicamp [do grupo de pesquisa] sobrevivemos por estarmos atrasados. Deveríamos estar na Université d'Etat d'Haiti naquela hora [do terremoto], que desabou com cerca de mil estudantes dentro.
Não há telefone nem luz em quase todo o Haiti, afirma Santos, que estuda ciências sociais no Brasil.
Na quarta-feira (13), o grupo de pesquisadores do qual o jovem faz parte relatou ao R7 que a sede da ONG brasileira Viva Rio no Haiti abriga cerca de 8.000 pessoas, incluindo brasileiros e indivíduos de outros países. Todos estão desalojados.
Desde o terremoto, centenas de pessoas dormem nas ruas do Haiti para evitar novos desabamentos, diz o professor de antropologia da Unicamp Omar Ribeiro Thomaz, líder da comitiva de pesquisa da Unicamp. Ele publicou a informação no blog do grupo:
- Em frente à nossa casa foram erguidas barraquinhas, onde as pessoas se preparam para passar mais uma noite. Os vizinhos servem comida e água para os que se abrigam nas barracas.
Todos os membros do grupo - oito, de acordo com a Unicamp - estão bem e não sofreram acidentes. Eles já entraram em contato com os parentes no Brasil. Há um gerador a diesel, com baterias ligadas, na sede da Viva Rio em Porto Príncipe.
A quantidade de mortos em Porto Príncipe pode chegar a 50 mil, mas não há número oficial divulgado pelo governo do Haiti.
A embaixada do Brasil no Haiti foi muito danificada e praticamente não existe, disse o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. Todos os funcionários, no entanto, escaparam ilesos.
Na terça-feira (12) em que houve o terremoto, milhares de pessoas se reuniram na avenida Champs de Mars (Campo de Marte, em tradução para o português), no centro da cidade. As praças e jardins foram tomadas por famílias à espera de ajuda.
O brasileiro que estuda na Unicamp afirma que estava na avenida na hora em que houve o tremor:
- Os muros caíram em cima de muitas pessoas e as mataram. Os que sobreviveram começaram imediatamente a agradecer a Deus por estarem vivos. (...) Vi dezenas de mortos e feridos num percurso de três quilômetros [até a casa do grupo].
Ajuda internacional
O país já começou a receber ajuda internacional. O Brasil ofereceu a maior doação de recursos já dada para socorrer uma nação - R$ 26,5 milhões (US$ 15 milhões).
A ajuda brasileira será uma das primeiras a chegar ao Haiti. Ela inclui 22 toneladas de alimentos, oito aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) para transporte de suprimentos e outros itens de socorro. As informações são da colunista Christina Lemos.
Fonte: http://r7.com